“ Este tempo passou, embora seja o nosso…”
( Javier Marías ; “ Os Enamoramentos” )
Há coisas que demoram o seu tempo,
e uma delas é a retoma de períodos históricos, de momentos de grandes mudanças,
de preceitos, de cerimónias, de celebrações. Foi isto, que em parte se quis
fazer nestes anos 2000.
Para quem não sabia de nós, éramos, a geração
da saúde e do culto do corpo, da economia próspera que assistiu ao atentado do
word Trade Center. Do Pós –Modernismo e
da Internet , tudo um “mix feelings” com uma grande nostalgia cultural, trazida
pela globalização ás economias. Uns dias,
consumistas superficiais e outros ambientalistas e anti -globalizantes. Deu nisto, o revivalismo do
sonho Americano já sem a geração beat, que vivia mais do lirismo do que do realismo.
E, já sem “ Paz e
amor” para dar,ficamos cada vez mais ácidos, das experiências da droga, da
perda da inocência e do que nos foi exigido para erguer e protagonizar a indelével
revolução sexual. Inclui-se,
nesta: a cultura gay, o movimento Punk , o transtorno de viver a geração Aids e
ainda, todo o preconceito e intolerância de muitos envolvidos. Na altura, fomos
hedonistas e individualistas. Sem compromissos. Era o Niilismo, com muitos “
super -Homens”, idealizados pelo cinema que deram filmes de catástrofe. Pragmáticos e
agressivos que protagonizaram adultos
mergulhados nas almas dos seus personagens. Nada de “ cinema teen”, como nos
idos anos oitenta.
Vidas, só se aceitam sem constrangimentos, foi o
“mainstreem”, até ao olhar do cinema independente americano que pega no mito do
eterno retorno, a alguma integridade perdida; essa contracultura sexual que ficou lá atrás, refém da “ Paz e do Amor” e deu no “ Shortbus”, que pode não ser,
do melhor que o cinema já viu,mas explora o desejo sexual de forma hedónica e bem humorada.
O que confunde, é que o sexo aparece como uma ultima
tentativa de afecto, de preenchimento de vazio existencial , provocado em parte
pela fragmentação da sociedade Ocidental. E isto, pode ser muito da inocência que existe
dentro de nós. Daquilo que nos faz realmente mover. È pueril. O erotismo perdeu
espaço, e a líbido foi formatada e massacrada pela civilização, que deixa um
prazer imediato e rarefeito. Só aparência, sem espaço para a memória e
principalmente para a liberdade de viver o imaginário. È a solidão. O desprazer
pós-sexo, por vezes um terror contemporâneo. Um gosto amargo, sem contraste do
doce. Como diz o dono do clube shortbus; “ È como nos anos 60, mas com menos
esperança”. E disse tudo.
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