quinta-feira, 23 de julho de 2015

 

    Love Shoes

 “ Era o par que ela executara …fazendo e desfazendo durante meses, arruinando as mãos..”
   (  “A Amiga Genial “ , Elena Ferrante)
 Daquele que era, o melhor posto de observação; a nossa inocência viam-se, todos os pais e adultos, como criaturas que levavam uma espécie de vida fria, uma existência, que, em nada devia ao calor dos sentimentos nem, ao   ímpeto dos nossos  pensamentos. O que se passava, é que tínhamos muitas horas pela frente, mesmo contando com aquelas que se perdiam. Crescíamos. E, essa, beleza robusta    impedia-nos de estar sempre na realidade
 Continuamos, a desafiar os mais novos, para certas brincadeiras, que os deixassem assustados, só para, ouvir alguém dizer que estava mal, mas o que se pretendia desses dias, era tirar, uma vida mais preenchida. Uma vida em que não se conseguisse prescindir do poder totalmente absoluto daqueles que se movem na nossa direcção. E ao mesmo tempo manter uma inocência simulada de quem se capacita que não está a ser olhado.
 Espera-se, que as bonecas esquecidas nesses encontros de crianças, sirvam um passado imprevisível e veloz, capaz de sugerir pureza e harmonia numa fantasia desconcertante.” Daisy flower”. Sempre.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

 
 

 The Mother Road  and the easy rider

 Um lugar, onde exista inquietação e incerteza desespero e desejo,  destruição e capacidade redendora  nunca terá um fim.  Route 66, e a ideia   do sonho Americano, tão vivo quanto uma respiração curta e agitada, com a capacidade de acrescentar um  sopro de epopeia  ás exaustivas jornadas.
 De Chicago a Los Angels,  são milhas de generosidades deixadas por todas as almas que já a fizeram,   são cenários de pequenos teatros improvisados, de liberdades dominadas pela tentação, pelo triunfo, pela luxuria , pela droga , pelo dinheiro, ou simplesmente por pouco.
 Os, ainda e sempre , vultos “ Beat”, (que o Jack Kerouac  tão bem imortalizou em “ On the Road” ) e, os que os precederam ao fazarem,  esta estrada por altura da  Grande Depressão de 1929, só me fazem pensar em largar toda a brandura e ser faminta e feroz por instantes.  Como escreveu, John Steinbeck nas “ Vinhas da Ira “ A única coisa que nos deve importar é dar um passo á frente por pequeno que ele seja…nada é inútil mesmo o que  parece”. È tão bom descer a estrada em direcção a um sítio novo.
Uma paragem importante seria com certeza,  o Emma Jeans Cafe, a casa do Brian Burger, onde foi filmado Kill Bill. Route 66, o “ double-digit number easy to remenber as well as pleasent to say”
 

terça-feira, 14 de julho de 2015

 

         Madonna  and Sean Pean, 1985

          On the point of the history

 Já escrevi, que não há busca do eterno, pois a vivência de desmanchar é recorrente. E que a glória de quem gostamos não tem nada a ver com os papeís, que lhe foram destinados, mesmo mal utilizados, mal representados, os que nos impressionam entram na nossa vida.
Tudo começou, no dia em que, decidimos subir umas escadas escuras, lanço após lanço que iam até ao pátio. Lembro-me da luz violácea e dos odores do  entardecer. Achei, brilhante, este prodigioso instante, que  trazia a promessa de um território onde se poderiam vir a deparar as nossas vidas. E foi. 
Para todos os efeitos, já eramos adultos á espera do amanhã , a movermo-nos num presente para trás, no qual há o ontem e o anteontem ou no máximo a lembrança do quotidiano, e de um ou outro cómico fracasso. Soubemos, habitar territórios, onde não existem, as categorias de permanência,  só fragmentos que se unem momentaneamente.
 Ele, bonito e delicado exalava um cheiro a bravio. E eu interrogava-me se conseguiria reencontrar sempre aquilo que me fizera rir?
Uma história é sobre isto; sobre a antologia de prodigiosos instantes, com oscilações abruptas, alguns momentos de calma e paz, optimismo e afecto. Súbitas explosões de furor .Uma história, é para quem não está, há pouco tempo, no mundo. Há muitos momentos que nos compõem, podemos até oscilar entre a energia vital e pensamentos mórbidos, desejar com a mesma intensidade solidão e amor, tirar sangue aos outros sem que o nosso nunca verta, tudo isto vale, se fizer história.
 Que importa, se o fim é verbalizado com sílabas alongadas por um desespero raivoso, se um dia tu foste um lugar mais bonito que a minha própria casa. Para continuar, é preciso acreditar que tenha sido assim. E sem final feliz, a “ única obrigação com a história é reescrevê-la …” ( Gilbert em “ O crítico como artista” )