segunda-feira, 4 de agosto de 2014




 
         The bad boys of rock

Mick Jagger ouvia Janis Joplin, que ouvia John Lennon, que ouvia Bob Dylan que ouvia Beethoven. Momento de uma relação de amizade e admiração mutua desde 1960

sem titulo









Provavelmente vais fingir que não leste e eu ( finjo) que não escrevi, mas eu sei que tu leste e tu sabes que eu escrevi




 

                                            The more you know the better you look

" Stanley Cooper, uma geração Beat "






    
Sterling Cooper  uma “ geração  beat”

 Poder usar e misturar o couro, os jeans, as franjas e brilhos de dia, ou simplesmente nada disto; é  liberdade. A principal transformação da moda nos anos 60 foi a ideia de não seguir Modas. Uma moda  única  cede  lugar á importância do estilo visual de cada um.

 A moda é  então um produto de  consumo visual e  pretende ser autêntica,  quer quando,  se apresenta   com  a  rebeldia necessária á   sintonia com a  actuação dos grandes ídolos, como  James Dean, Marlon Brando , Elvis Presley, quer quando se adequa simplesmente  a  cada  vida pessoal .   Vestir é um comportamento livre sem protótipos estanques de referência estética, a plasticidade de parâmetros permitiu vestir mulheres em estilo Twiggy e outras em formas mais opulentas, igualmente desejáveis.
Se alguém escapou á vivência pelo menos não ficou imune á “ geração beat”, descrita por Jack Kerouac  no livro “ on de road”. Uma geração com o pé na estrada que leva a moda para a rua, com  um novo   drive  onde podem  desfilar  mini-saias estilo “ Mary Quant a par de  estampas psicadélicas e geométricase  e  calças justas nos homems.  Mais penteados , sofisticados , charmosos e ousados nas mulheres .  Vestidos tubinho de Saint Laurent e estampas psicadélicas de  Emilio Pucci. Foram tudo sinais de Mudança

" Lovemaps"




  
Lovemaps

Este script, não tem uma legibilidade imediata. Alguém já tinha dito, que o mundo existe para acabar num livro, acrescento, em imagens, que procuram alianças com o outro, com a condição, que os segredos sejam revelados. Recrutam-se experiências de esplendor, pela arbitrariedade das palavras e dos gestos dos quais não conseguimos extraír um só significado.

A encenação privada do desejo, pressupõe que alguém esteja apaixonado por essa representação de ser belo, sensual e principalmente autêntico. È uma corporalidade. Uma experiência individualmente significativa ; "ficámos mais autênticas quanto mais nos parecemos com aquilo que sonhamos que somos “ (  in “Tudo sobre a Minha Mãe “  de Pedro Almodôvar).

O script sexual, tem o seu modelo, de “ acção”, e pressupõe uma vinculação social, que pode ser, matéria privilegiada de confissão para quem rejeita viver o corpo, tornando-se,  numa encenação de interdição. O Purismo, manifestado na religião, assume esta condenação do processo construtivo da sexualidade, não conseguindo pensar e admitir esta, à margem de um formato político de categorias fixas e polarizadas, que incluem limitativas representação de “papeís” sexuais entre géneros.

Não havendo desvio das normas, não existem expectativas nas condutas. È pudor e “falso” pudor, que, sem fluidez na fantasia não assume a ideia de..” não haver sabedoria sem angustia nem haver felicidade sem dissolução” …, para que nos possamos  “ tornar outro “. Por momentos.

 

Homenagem ao Pai





 


“o meu pai”

….” se há alguma felicidade na minha vida, se tenho alguma maturidade, se quase sempre me comporto de uma maneira decente, e mais ou menos moral, se não sou anti-social e suportei atentados e tristezas e ainda continuo a ser pacífico, acho que foi simplesmente, porque o meu pai gostava de mim tal como era, uma amorfa combinação de sentimentos bons e maus e me mostrou o caminho para extrair dessa má índole humana que todos talvez partilhamos a melhor parte…”

   ( in  Hector Abad Faciolince )

BB


    


     BB
Tesouros enobrecedores
 Para quem considera, como eu, o ambiente bucólico uma narração monótona e insípida que se  impõe continuamente á  nossa percepção, vai sempre a tempo de tropeçar numa semelhante pérola de atitude do comportamento feminino.

" Inventário de Regressos "




  
 Swimsuit

Inventário de regressos ao patamar do quinto andar onde não mora ninguém:

 Os terraços que ficam um forno; o comboio da linha; as boleias para a praia ; o bairro das vivendas para aprender andar de bicicleta; os patins brancos com atacadores; passear os cães grandes; cartas escritas á mão; todas as minissaias ; os jeans boca de sino; os chapéus de palha; ficar na praia até a areia estar fria; a vitalidade pura e alguma animalidade; o cheiro de água de colonia; as festas no cabelo; as pernas morenas esticadas sobre o teu peito; todas as vésperas; o meio do nada e algum lugar onde nos encontramos; a fúria que nivela tudo; a melhor parte da índole humana.

 

" Good Bye Lenine"






 


   
“ Good Bye Lenine “
Agora, que o sol já se pôs todas as vezes sobre os telhados de Lisboa, escrevo a carta. Uma carta, é, como se espera, para os outros e para sempre. Para isso, conto as vozes que me levaram até onde me encontro agora, e essas, que não receiem ser esquecidas, pois só dentro de todas as contradições, pode residir a vivência. E toda a vivência tem um tema; encontrar a própria vida.
Apreendi o desamparo, num formato criativo e ardiloso. È recorrente, a minha ideia, de transformar qualquer idílio num drama, buscar amores, que, teimam em ser como se espera; sólidos e truculentos, vivos e incorrespondidos. Traídos por tudo. Erguidos. A esta maquinação dos amadores, pertence um inventário de regressos, a um lugar onde já não mora ninguém, e que, todavia nos remete sempre.

Encontrei, o desamor, essa ausência assistida; ao lembrar os terraços que ficavam um forno; o comboio da linha; as boleias para a praia; o bairro das vivendas para aprender andar de bicicleta; os patins brancos com atacadores; o passeio com os cães grandes; as cartas escritas á mão; a vitalidade pura e alguma animalidade; o cheiro de água de colonia; as festas no cabelo;  as pernas morenas esticadas sobre o teu peito; o meio do nada e algum lugar onde nos encontramos; a fúria que nivela tudo e a melhor parte da índole humana. Faz-me falta. Dizia, Pessoa; que, “...não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.” Fui capaz de ter todas.

Cada desamor tem o seu desencanto; o seu desamparo próprio, e cada história, guarda o seu bocado. A minha história, a história mundial, ou a história da família, alinha-nos a trajectória e optimiza-nos os recursos, por contrário que pareça. Fica-se mais forte. O desamor resolve-nos. Sintetiza-nos. È verdade.

 O filme Good bye Lenine”, assinala a trajectória descendente de Jãhn, seu personagem principal, que passa, de herói a motorista de táxi , referindo-se, simbolicamente,  á derrocada da RDA, e, com  humor, evidência a desgraça que a danificação dessa “ estrela vermelha “ pôde ainda provocar em alguns nichos de população; aqui, está o desamor na história mundial. Quando os prémios Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez e Mário Vargas Llosa, cortaram relações e estabeleceram um pacto de silêncio sobre as razões que sustentaram essa atitude, estão a ser devolvidos os desamores das histórias “entre pares”, entre famílias, nestes escritores de ”sangue”.

 Fassbinder e Henry Miller, em períplos, por desamores, nem sempre conformes, elogiam a vontade de querer construír uma vida que nos sirva; com menos ou mais “ lágrimas amargas” , e que, seja, ao mesmo tempo, uma experiência cínica e inocente secular e espiritual. Daqui, sempre autobiográfico e idiossincrático está esta história; a redescobrir, em dias e noites de liberdade e alegria sem fim. Deixo esta carta, á porta da tua casa, dois anos depois.