Money Minded
Há uma pressa desenfreada em
Nairobi, uma atitude de apropriação que nos chega de toda a parte. Agarrar com
rapidez é a intenção; géneros alimentares, bugigangas, expedientes, turistas,
safaris e promessas de outras pequenas oportunidades, desde que tragam dinheiro. E que o dinheiro esteja logo ali á
vista de toda a gente. Esta mentalidade tem sido reproduzida e alimentada,
através das maquinações dos sistemas
legais frouxos e das más políticas.
Tornar a Africa um verdadeiro continente
Africano com os mitos que se misturam com a realidade ainda não foi possível.
Há o desequilíbrio que leva ao conflito permanente. O Quénia, que agarrou o
turista ainda não agarrou a sua própria história sem passado Europeísta de desigualdade e violência. A única coisa que
faz é replicá-lo.
À distância de uma curta viagem
de Matatu vai-se ao bairro Slum, uma incomensurável visão de tristeza, é como, se, de repente se tivessem fechado as
portas e nos ocultassem a grandeza de viver. È o nada. Pergunto; sem querer,
dar a impressão de habitar um mundo só meu, lambuzado de inocências, mitos e
com défice de realidade; se alguma vez,
estas pessoas terão a oportunidade de correr de alegria na pressa de encontrarem o seu destino;
È porque eu, aqui, vi um atleta a treinar para
provas de competição, crianças a darem-me a mão como se essa naturalidade
fizesse parte de um ritual de conforto que eu não assegurei, vi um cozinheiro
capaz de multiplicar escassos alimentos em comida, que a mim, me pareciam
vindos do nada, vi nas casas, só de zinco, o espaço para os velhos, para os gatos
que teimam em nascer, para os
netos abandonados , para a culpa das
mães, para os doentes, para mim, que me sentei. Vi pudor e um tremendo combate
pela dignidade. Foi o que mais me custou.
Entretanto, lá fora chove. Muito, como tudo em
Àfrica. E este, seria mais um episódio de uma história passada numa terra longínqua,
se eu, não estivesse em Nairobi. A escrever sem luz. Pela primeira vez.