quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

“Annie Hall”, 1977

Annie Hall: Sometimes I ask myself how I'd stand up under torture.

Alvy Singer: You? You kiddin'? If the Gestapo would take away your Bloomingdale's charge card, you'd tell 'em everything.


Humor.  Diz –se que é diferente da ironia, porque esta só tem  o lado  corrosivo ,e pronuncia –se  de forma implacável. Já a satira, demonstra a nossa capacidade de indignação de forma divertida, lança castigos a alguns e fulmina abusos a outros. O Humor é coragem e destreza verbal. Quem faz humor é um virtuoso do entretenimento. O ser caustíco, mordaz, e irónico é para ser visto á posteriori.

 
No humor, o  que conta é o momento da criação. Eleva quem o faz e  mima, por vezes, aqueles a quem se dirige, outras vezes, as preces humorísticas, certeiramente dirigidas, não contemplam apelos.  São, instrumentos bélicos de arremesso a incautas vítimas. No fim, estes movimentos, repousam-nos a alma.


 O humor, derruba uns paradigmas para criar outros e é um desbloqueador da linguagem. Um recurso que nos coloca no centro da história. Acrescenta aquela Inspiração de que carece  o quotidiano e preenche as  intermitências detectadas nos “eleitos”, ficando, estes ,  prisioneiros dos nossos profícuos imaginários. O humor vem de uma matéria prima, social , cultural , pessoal, desde que esta possa resultar numa experiência de bem-me-quer ou mal- me quer, que não se consegue evitar.

 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015






" Creativity is Intelligence having fun "

Einestein







 
 
 

Uma cadeira. Algumas cadeiras, que suscitam mais equívocos que verdades, servem para sentar, vidas publicas, privadas e secretas. Coleccionam sabedoria e perdições ; são a história de um compromisso entre a tradição e inovação. A Designer Teresa Rego, que criou a empresa TR Think Renew, conservou a beleza e honra nas suas intervenções, e sem perder o humor reinventou-as. Resultou, nestes adoráveis e melancólicos objectos de mobiliário que reuniram, ainda, para o seu reaproveitamento, o contributo das artes plásticas; ilustração, grafiter, fotografia e pintura. E porque uma história assim não podia terminar, sem personalizar os meus gostos, escolhi  estas imagens,  para bem vistas as coisas, abraçar o vosso conceito de ; Dream, Do, Believe and Repeat. 

Fotografia
Maria Matos


 
 


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015



“ We are all fuckin different”

Benedict Cumberbatch, é o retrato  de Alan Turing, um matemático genial, que ajudou a antecipar o fim da segunda guerra,  ao desvendar os códigos das operações  da Alemanha Nazi. Juntam-se a ele, Linguistas, campeões de xadrez e prodigiosos fazedores de palavras cruzadas;  um desfile de oficiais da inteligência que jogam; o “ jogo da Imitação”. Um filme, pleno em  reconstituição histórica e com um  enorme caracter que nos incita ao combate aberto e permanente  para escrever o próximo “algoritmo” ou resolver o próximo problema.  Um filme, que soma o gênio, a complexidade e a pressão, de Turing, vendo-se, a vida intensa e assombrada de um gay assumido na Inglaterra da década de 50. Nenhum aspecto particular da vida deste homem foi focado, talvez porque nunca nos peçam que gostemos dele.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

 
 
A beira do abismo
(Howard Hawks, 1946)
Género sem vergonha, divertimento pela morte e um tributo ao extravagante. Tudo é crime e enigma. A Literatura Policial, convida a mergulhar no espaço da morte. È hoje, uma consagrada   escrita, sobre a vida e tem uma  ordem narrativa definida.  Melhor se experimentada em ambiente intimista.
A marginalidade, e o” bas-fond”, social do romance policial noir, têm rudeza mas também têm encanto. Pela marginalidade, pelo sarcasmo, que resulta eficiente, pela crítica ás estruturas e principalmente, pela ausência de verdades conclusivas e inquestionáveis. Ao contrário da Literatura Policial Clássica, que quer resultados a cima de qualquer suspeita, através do recurso ao método ciêntifico e á lógica dedutiva do detective Sherlock Holmes, a visão “noir”, tem personagens mais humanizados.
 Os detectives, nestas histórias, bebem, brigam,  envolvem-se, em romances e sexo. São homens. Por vezes, á beira do fracasso, duros, violentos,  corroídos pelo tempo e pelas desventuras da profissão,   mas mantêm o charme e uma enorme capacidade de tomar para sí o controle da situação, por mais adversa que seja. S Por isto, afastam-se da Literatura Policial clássica de Londres, para viverem mais os seus defeitos , que qualidades.  O “noir” na literatura e no cinema Policial, viveu do contexto da alfabetização dos EUA no pós primeira guerra, e da popularização da imprensa  publicada no formato de contos em revistas baratas. Estes personagens, chamados de “ Hard boiled “ são sucesso garantido em sociedades, que tinham a figura masculina como mola propulsora para o progresso. Protagonizam uma uma obstinação romântica pela justiça, incorruptíveis (nem sempre), sem uma formação erudita, mas pragmáticos, com experiência adquirida nas ruas.
Nesta fotografia “policial noir”, de cenário urbano e muito filmado á noite, encaixa na perfeição a figura da mulher fatal com nuances que vão desde a inocência ao puro maquiavelismo e são muito  o fio condutor destas histórias. Como diria, o Pedro Mexia, tratam-se, de mulheres,  “ Average Botticelli”, com variações mínimas sobre a graça e altivez doce num meio sorriso, num meio enigma”. Uma arte simples de matar que não aconteceu,  em Baker Street de Sherlock Holmes.