quinta-feira, 24 de setembro de 2015

 
 

           Toda

         ( thank you)

          
Vivi uns dias de Verão em Israel, de dia caminhava entre Jaffa e a avenida marginal de Telavive, uns quilómetros na hora do calor, interrompidos para entrar na água quente do mar de Jerusalém.
Esperei, a noite, para espiar as vivências deste povo. Israel, independente, em 1948 é ainda criança, mas o que, se encontra debaixo, da bata desta cidade, é um doseamento astuto de descaramento e compostura, café forte e bem tirado, galerias de objectos, artistas e designers. Uma cidade que nunca dorme.
Nem todos são religiosos, Telavive tem um ambiente secular. O Inglês é, muitas das vezes, incipiente e o hebraico intricado e fechado com um som robusto a rematar as frases. Gestos e berros, fecham os negócios e terminam as explicações aos turistas. Não se facilita. Sem cultura de serviço, as russas que fazem de empregadas de mesa não se esforçam em remediar o jeito para o atendimento. A rudeza é da praxe e se a gorjeta for pequena, elas devolvem-na. Toda a gente á assertiva, diz-se o que se pensa. Há jovens em princípio de vida com ideias no futuro e há quem, se detenha simplesmente ao som do transístor.
Jerusalém, apesar de ser uma cidade apertada, ensopada numa neblina de calor, apesar de, ser o tumulo dos reis para os Cristãos Apostólicos Romanos, para os Judeus e para os Muçulmanos, apesar da água benta se transformar em mágoa, apesar da elasticidade ser por vezes esquecida, apesar da mágoa dos vivos guardar ressentimento e alimentar vingança, apesar das almas confusas que buscam agressão, Jerusalém é intimidade.
Israel, devorada por males aos quais não se quis render, sabe valer-se. Israel tem mérito e tem algo mais. Impossível de não amar.