sexta-feira, 15 de maio de 2015


  

   Kwaheri

  ( goodbye)


África. Ora a braveza do sol ora a secura da terra, paisagem  de beleza proporcional e equilibrada, que transcende as medidas da cintura, dos quadris, da cor dos olhos, dos trançados dos cabelos, da graça das danças e das estamparias dos tecidos. Uma sede de eternidade, um destaque pronto  a mexer com o  imaginário.

E , quando o Sol vai baixo e alonga demasiado a minha sombra,  reserva-me sempre a surpresa de me fazer esquecer o desiquilibrio mais profundo, do suor, que corre no rosto de quem chama a sí a parte mais dura. De Africa, guardei a eternidade de um ambiente sem muita modificação feito para seguir as tendências naturais da vida, impressões de uma estética ampliada. Guardei a riqueza da  hospitalidade e a  sabedoria dançante, ritualista e misteriosa.

Por me parecer um lugar mágico com uma especie de fronteira por onde tudo se atravessa , convenci-me que do meio dela de avista felicidade e euforia. È verdade.

Que mais ficou? O banho no alpendre numa tina de água fria e o adeus que demorou um ror de tempo. Parte de mim. E tudo recomeçou.

 

sábado, 9 de maio de 2015


     Hungry artist in Nairobi, story  teller of Africa city
   “ things  may come to these who wait. But only the things left by those who hustle"
    ( Abraham Lincoln)
Em Nairobi, falaram-me da  atitude ” hustling”  desta cidade. Pensei, no contraste, com a definição romântica de Nairobi no dialecto Maasai; “ Enkare Nyrobi”;  que  significa ; “ lugar de Àguas frias “. De facto, de frio, não tinha encontrado sinal , até então,  nem na temperatura nem no resto do clima que se vive. Faltava-me, talvez, esta expressão. Da colonização, sabe-se, que se viveram, protestos mais ou menos organizados contra o império Britânico e, que,  depois da Independência  em 1963, o Quénia continuou a ser uma nação, em desassossego, pela constante  aceleração para o progresso.

Atravessar, num dia, a cidade de Nairobi, é uma jornada com dureza. Nairobi, transpira, pressão por todos os poros. Claramente,  um  “modus vivendi “  que incita a competir. Em Mombaça, vim a sentir o mesmo; de espírito irrequieto, o Africano é tomado por uma vontade própria que teima em conseguir, atingir os seus fins.  Temos a sensação, que estas pessoas não conseguem parar os seus próprios movimentos de tanta actividade, estão num constante trânsito sem saber se chegarão a fazer o que se propuseram para aquele dia. O tempo, aqui, não é vivido em contínuo, antes, repartido em retalhos que cada um vai agarrando conforme pode, gerindo incontáveis constrangimentos até completar o mais simples do gestos, a acção menos complexa,  sempre na logica de atingir o seu fim.

 È, como se existisse, um apelo constante, gerido, por uma força, superior, capaz de garantir nas pessoas um incitamento inesgotável de ir direito ás coisas. Refém de um futuro imediato, o Queniano responde a objectivos diários, de progresso e crescimento, pelo quais se sente  directamente responsabilizado . 

No Quénia, somos tomados, por uma  nação que vive em constante competição para garantir a sobrevivência. Com esta  atitude “hustle”,  mesmo sendo descontrolado e desgovernado, este modelo não permite que se deixe nada para trás, para os outros agarrarem. Talvez por isso a palavra Safari em swahili também sirva para designar qualquer tipo de viagem, numa cidade , onde não nunca se pode esperar para ter as coisas ;  Nairobi.