sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

 

 " Eu acho que todos os homens que vêem, aqui, és tu Travis"

   Nastassja Kinski, Paris Texas,

     Win Wenders 1984


 


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015



“ Gran Torino” , 2008

 A  América , esse lugar para onde se mudou a história
Walter Kowalski, parecia-se, com a visão romântica de um país rebelde que não quer ser ocupado. Reservado, tímido, de poucas palavras não dava afectos e cimentava menos relações, afundado na trivialidade e até certo ponto desordeiro. A mulher estava morta.   Parecia, não haver nenhum engano da natureza , a cara não assentava na generosidade. O que havia para viver neste homem, eram as ideias das diferenças de etnias, contidas e sustentadas por um frágil  equilíbrio.  Walter Kowaslki, tinha a sua  parte no mosaico americano, era um ex combatente da guerra da Coreia, ao volante de um  Gran Torino. Conduzia assim, pelo  caleidoscópio  Americano.
 Faltava-lhe, conhecer, a contradição para ganhar em vitalidade, faltava-lhe reconhecer que os E.U.A, serão sempre uma herança reclamada por todos, pelos mais fracos inclusive. E, que, o maior triunfo, de uma sociedade multicultural é ser capaz de dar visibilidade aos seus espectros. Este filme fala disso. E muito bem.
 Fala do desenvolvimento humano que estimula a descoberta do pessoal, fala da conquista de uma linguagem comum. O relativismo cultural, aparece em Thao Vang Lor, com uma aparente fragilidade, mas traz desenvolvimento, e é este, que nos salva da morte, da aniquilação, e do esquecimento e se necessário dá-nos a redenção.
  Com ,Thao Vang Lor e Walter Kowaslki , não demoramos a agradecer á importância da diferença e a defendê-la, até á morte; Aprendemos ...” em tempo de pestilência: que há nos homens, mais coisas a admirar do que a desprezar”. ( Albert Camus)  E que, essas fileiras de casas não chegam a estar  á  distância de alguns  quarteirões.
 
 
 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

" ...nunca houve na minha vida tanto futuro como nesse instante."

( Karl Ove Knausgard,  " A Morte do Pai"


 

“Have less. Do more”

  Continuará, a haver sempre, uma serie de males, para manter vivas as virtudes do homem, um deles é encontrarmos uma vida menos vasta que os nossos projectos e mais enevoada, que os nossos sonhos. Contudo, nunca se esteve, tão perto, como agora, de encontrar o equilíbrio necessário, entra a distância e a intimidade com as coisas. Há, uma necessidade de reduzir espontaneamente as formas. Não se trata de austeridade, concisa e rápida, mas sim de uma governabilidade, mais espiritual, que tenha, como base de expressão poucos elementos fundamentais. E, fundamental é mesmo assim; o quanto  basta, para retirar mais.

Ainda me lembro, e sem desprezo, da geração “ beautiful people”, vinda da transição entre velhas e novas burguesias, cheias de “representação”. E, por mais que, o tal,  jogo de espelhos ampliasse, o molhe de chaves pousado na mesa do telefone com a cabeça de couro e as múltiplas pernas em metal, ou o jarrão de cerâmica com flores, ou ainda o material sintético da alcatifa, estas criaturas míticas, só serviram para lembrar , a brevidade e a transição. São representações directas, mais ou menos firmes, com ar de espectáculos públicos a fazerem parte do cortejo que dura menos tempo.

  Deste velho, “edifício” que serviu para  transformar, tudo na vida , só para que, tudo fosse, materialmente possível, resta pouco. As novas “arquitecturas”, pessoais e sociais são projectos mais silenciosos, com redução formal. São, essências, que se,  deixam transportar, até um destino “fabuloso”. Talvez por isso , o que não fomos até agora, seja ainda , o que melhor nos define. Como Amélie.

 


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015



 
 

Era inevitável”. Florentino e Firmina Daza, não se tinham cumprindo até então, na verdade não se tinham esgotado. Foi por isso, que o tempo de serem jovens se prolongou apesar de todos os artifícios do passado.
 As primeiras coisas, se nos ficam, gostamos de as viver, através de um tempo distorcido, até mesmo através de outros, como se mergulhassemos,  na penumbra, do que deixou de ser urgente. Florentino, quis, recordar o destino dos amores contrariados, ás vezes, fazendo turnos mas, sem nunca se deixar atenuar. E sabia que, o que o contrariava  só trazia os factos como eles são; um bocado de trabalho duro e mal pago e a Firmina a interdição a comportamentos impetuosos.
 Florentino, acreditava que o que se faz sozinho, não tem magia, não tem influências, por isso precisou  de  Firmina e foi buscar esse pedaço de prosa que havia guardado na memória e que tanto plagiou, até  somar  “…  51 anos, nove meses e 4 dias “ de procura. Esta procura, foi uma experiência , singularmente certa, uma promessa de futuro  que ganhou a todas  as  necessidades do momento, e , por muito tentadoras que estas tivessem sido, não chegaram tão longe.
 Não basta nascer no lugar, é preciso transformar o lugar. Arranjar, maneira de entregar a carta e deixar que esta floresça alguma coisa no espaço dessa memória. E, o mérito de quem a recebe, é levar-nos á letra e ser capaz de duvidar que essas tenham sido as ultimas palavras. E este foi, talvez, o mais difícil triunfo de Florentino; esse “ caçador” solitário.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

 

Celebrate 1960


 

Live with less


 

The Swinging 60`s


 

 Sem fixação;
  Movimento de construção delicada, um sentimento raro de superioridade sem medo do desapego. Naquela tarde fez isto num mundo que conhecia e lhe era familiar. Irrepreensível conhecimento

 

Kennedy and his daugther




Princess Grace Kelly of Monaco wearing Christian Dior gown and Cartier jewels at a Charity Gala for the Monte Carlo Red Cross, August 1968


 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015


  

“I´m Bonnie Parker and this here is Mr Clyde Borrow. We Rob Banks"                            


A cidade não era superior ás suas forças. De uma ponta a outra nas ruas, não passavam mais do que miúdos, prostitutas inexperientes, devassos e catequistas. A Grande Depressão, armas roubadas, um quarto alugado e Bonnie e Clyde já tinham uma vida. Uma vida, que vale a pena mencionar, não importando que, para além daquele lugar, não houvesse mais nada a que pudessem chamar seu.

E, de onde vêm todas as partes que os compõem? Da diferença. E, a diferença, deu-lhes a esperança de não terem compreendido completamente a vida nem as pessoas. Bonnie e Clyde, quebraram tabus e foram apreciados mesmo quando passavam da violência ao humor e vice –versa.

  Bonnie e Clyde , tinham, a  atracção das pessoas, que, têm, o seu próprio fogo e que, por mais, que pensemos, que estas, nos podem amar, por mais, que nos jurem fidelidade, ou á família, ou ao país, esse fogo só arde para eles próprios. São, estas pessoas que mudam as nossas vidas, que desafiam as fronteiras do correcto e do incorrecto. Foi isso que teve Bonnie , a loira  atraente e, com facilidade na escrita, que encontrou  em Clyde Barrow o bandido a seguir. Na brutalidade impiedosa, na revolta contra a miséria, na imperfeição.

Não sei, se Bonnie e Clyde, tentaram  encontrar, o momento exacto em que cometeram o seu primeiro erro. Mas sei que, foram um imaginário, de paixão, e crime para a  cultura Americana. Um par romântico, de heróis modernos, que se escreveram pelas  suas próprias palavras, em; “ wanted lovers” ( the intimate correspondence ). Um par, uma vida.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015


    
    “candy-coated”

  Há marcas, que se tornam no sinónimo do produto, a American Chicle Company, fundada por Thomas Adams é uma delas. Mascar em parte, tornou-se num recurso social relaxante que calhava bem como terapia pós grande guerra. E assim, a princípio, o potencial comunicativo desta marca,  foi dirigida a um publico,   flexível e inquieto que se dizia destacar, dos restantes, que não mascavam, como sendo mais simpático e descontraído.

 A ideia, que quando mascamos parecemos mais rápidos recaí sobre um publico jovem. O que é certo, é que, nada destas percepções dependem só do criador da marca, mas em grande parte de todos os envolvidos. Para evitar, a rebeldia e rapidez do movimento de mascar, só para“ deitar fora”, os Americanos, há uns anos, apostaram na reinventaram o   produto com sabor prolongado, e lançaram um apelo á recolha e guarda das respectivas embalagens pelas escolas, premiando, quem mais reteve em quantidade das mesmas.

 Por cá, o que eu me lembro de gostar, até hoje,  na Chiclet ; é só a ideia de “ … uma coisa que promete, mas, que a gente, vê sempre … como uma Chiclet”. Um produto, para mim sempre “ acabado”. Sem duvida,  um consumo que tem todo interesse em permanecer como é; Imediato.

  

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

 

                                    High school fashion feature in Life Magazine,1969


 

      Ellen O’Neal, the greatest woman freestyle skateboarder in the 1970s



      Paul McCartney and Mick Jagger sit opposite each other on a train to  Bangor,1967

 

Queen Elisabeth and Prince Phillip at horses races 1968


 

Sophia Loren, one of the only actresses to win an Oscar, Grammy, and Golden Globe awards

 
 
 



   
                       Brigitte Bardot visits Pablo Picasso at his studio near Cannes in 1956

    

 
 Vibrações escondidas
Se formos, pelos clássicos, a expressão “ Lugar Comum” tem validade discursiva, e o poder diferenciador que o moderno não lhe reconhece. Lugares Comuns, não são necessariamente “Cliches” até, porque nem o passado é sempre rígido nem o futuro um lugar completo a habitar. Há, sempre zonas, que recorrem a outras, pelas várias coisas que têm entre sí, mesmo quando não as planeamos para o efeito.
 Aqui estão; os Lugares Comuns. A, princípio, parecem, não ser mais que partes diminutas, mas   quando lá estamos, nunca padecem de intensidades na proporção inversa. Ficam maiores, irremediavelmente pelas semelhanças.  Foi assim, que “ Howard sentiu imediatamente que as coisas não eram tão absolutamente medonhas como tinham parecido vinte segundos antes “ ( Zadie Smith em “ Uma Questão de Beleza “)
Podemos, sempre, ver, o aspecto, que as nossas diferenças têm para os outros e passar a enumerar as barreiras nunca esquecidas, mas neste exercício, os lugares  crescem sempre, em imagens, e, estas, são, um pronúncio  do que está para vir. Sem nunca se contradizerem, os “lugares comuns”, não sabem disfarçar simpatias fortalecidas ao longo dos dias. O resto, é como nos romances, vontade de não declinar os encontros marcados; de raças, de religiões e sobretudo, de lados obsessivamente, remoídos pelo presente. São, como encontros de  amores  parciais, com vidas vividas em vários graus. Esta, genuídade  na  existência do quotidiano é mais  vivida do que  representada, e,  acolhe-nos   em  expansiva familiaridade. Por isso, o que estas pessoas , desconhecem,  são os hotéis  dessas cidades porque simplesmente , nunca têm de la ficar.
 
 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

 
“Desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. “
 As tranças fazem-se de relações exclusivas com o cabelo, mais do que penteados, são símbolos de estatuto e por vezes de riqueza civilizacional. O cabelo nas sociedades Asiáticas e Ameríndias foi vivido como uma extenção, das ligações entre pessoas e grupos e com um poder, associado também  á espiritualidade.
 Feitos ou desfeitos, os penteados são símbolos de pertença nas sociedades, e, capazes, de atravessar um território que vai da  infância á velhice, da antiguidade aos nossos dias, tornam-se molduras do rosto que nos acompanham para a vida. Cabelo; princípio de autoridade, glória e sorte para a mulher, voz de comando; um nome que recebe sempre respeito.
 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

 
 

 Pouco depois de sermos crianças


 A minha primeira recordação de aprendizagem é este contacto protegido e tímido com as coisas. Raramente, alterava esta forma de andar, tensa, balançada e projectada para a frente. Coração a galope, e por cima o melhor vestido. Ainda longe, do discurso vivo, com que mais tarde pedia para levarem a minha mala para o quarto da frente, para ser  uma visita por uma temporada.

Importa que, naquele ano, recomeçaram as aulas, e já, nos deixavam ler e escrever, os progressos, diziam–me, que, quanto mais eu crescesse melhor seria a escola. De princípio, experimentei esta relação afectiva na aprendizagem e muitas vezes a lembrei ao longo da vida. As pessoas, com quem aprendi, via-as  como  alguém que  me estava  a ler o pensamento, como se estas conseguissem adivinhar que eu seria capaz de fazer muitas frases completas, com decisões todas minhas. Depois disto, já não me importava com os adultos, que diziam coisas mais demoradas, decidi esperar para compreender esse ritual. As minhas ideias haviam chegado, embora eu demorasse uns minutos a dar-lhes a forma. Será que algum dia, eu ia parecer-me com uma mulher? Se calhar convinha usar sapatos mais vezes .

 De qualquer forma, já sabia coisas que não podia contar. Admirava a graça das pessoas e os seus acontecimentos especiais. Ás vezes, recorrendo ás minhas melhores maneiras aproximava-me dos adultos, em especial, os homens, e, por curiosidade fazia perguntas para saber se eles teriam guardado aquela sabedoria, toda, que os compunha, num sítio,  ao qual pudessem recorrer para não se esquecerem de nada. Os adultos nunca discutiam nada comigo. Eu é que desejava isso.

 As nossas vidas, têm sempre uma rotina tão familiar desde ir á escola, brincar, e estudar até aquele, ultimo dia, “ …uns anos mais tarde, em que ela poria a nota do seu falecimento na cómoda do quarto dele, onde a cama continuava ainda bem feita, a prateleira cheia de livros baratos de cowboy, e uma fotografia da escola espanejada todas as semanas pelas criadas “ ( O Filho”, Philipp Meyer). Todas as histórias verdadeiras têm vários fins possíveis.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

 
 

Vicky Cristina Barcelona,

 woody Allen

 


“ Juan Antonio, flies himself, for sight-seeing, fine eating and drinking, and hopefully, love-making…”

Woody Allen é Americano de origem Judaica, gosta de escrever para as mulheres, com uma escrita, que vem da inspiração que o feminino lhe dá. Eu, sou Europeia Católica , nascida, numa cidade cheia de luz , encaro as coisas da maneira que aprendi , em estilo livre e a  fazer sozinha. Sempre que posso, volto aqui, a este filme, como se tivesse um contrato de ocupação sem nunca ter pago o preço de admissão.

A primeira recordação, é;  a de  um fim e semana que mudou estas vidas, desenhando novas descobertas para quem acha que está a perder coisas que nunca teve. E, estas, três vastas existências;  Cristina,  Vicky e  Juan António, de uma maneira, ou de outra, criaram vários momentos e experimentaram, variações bruscas, más noticias, acontecimentos mágicos e pesadelos. Acompanharam as mudanças e deixaram espaço para voltar.

 Nos várias promessas, vividas com “ Vicky, Cristina Barcelona” , desde a sensatez , á pura emoção, procura-se uma resposta que esclareça todas as configurações emocionais. Procura-se; a experiência. E,  que esta, seja, como se encontrasse-mos uma casa pronta, e essa casa fosse nossa, e descoberta em devido tempo e  em certa velocidade, como  uma notícia nova, uma notícia diferente, que provoca um espanto sombrio e que nos leve para lá a qualquer momento. A qualquer momento mesmo. Talvez o seguinte. “ you´ve got to get lucky”.

 
 
 
 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

 
     
 

 

 " The Unbearable Lightness of Being"
    Milan Kundera 1984

 Esta imagem, é o que esperamos que ela seja. A figura da leveza e do pisar pouco espesso,  com um  truque de realismo magico. A , “ insustentável   leveza”,  não despe a vida de sentido nem adivinha  fragilidade . Pisar assim, sem depositar a própria vida, provoca presença e ausência , pronúncio de fantasia  e liberdade absoluta.
  A leveza, guarda o peso mais complexo e definitivo; o da nossa própria  existência, e este combate, pelo qual lutaremos o tempo que fôr preciso, é impossível de imaginar sem saber que “Há coisas que só se podem fazer com  violência e a ;"  sensibilidade deve ter “ forças para dar ordens”.