Meredith Levov
Poucas vezes, me preocupei com o futuro,
preocupei-me mais em estar sempre alegre. Poucos gritos e menos precipitações
da janela. Acredito, que não se devem repetir os sons que não têm finalidade.
Acho a beleza obscenamente suportável e a inteligência a maior das diversões.
Tenho várias idades. Acho-me sempre longe do
fim, como no dia em que aprendi a largar os pudores da juventude, e como qualquer
coração que se aperta tenho o raciocínio e o que sinto. Gosto de pensar grande. Adoro o mundo.
Preparo-me, para a dor física, para o que
possa afectar a vitalidade, principalmente quando
não é passageira. Mas, sei esquecer as primeiras dores, e gosto
de me rodear de quem fez esta aprendizagem de egoísmo. Estive lá. Antes de
escrever, aprendi que o corpo é o que está mais perto da alma. E que, isto não se encomenda.
Abdico de falsas afeições, não passam de
taças repletas de amargura, não padeço de nenhum mal estar
mortífero. E , aborrece-se a visão de límpidas e simples vidas respeitáveis,
com espaço e calma, ordem e optimismo. Sou uma mulher com uma necessidade
humana de desafiar, de demolir , de opor e separar. Sem querer tudo, quero as coisas que se
sucedem. Posso até, não ser inocente mas conservo a
atitude pueril de projectar o paraíso.
Não quero, a compreensão, porque essa nada tem a vêr com
vida. Não compreender é que é a vida. Não me dês a experiência da costa quando posso
ter o mar, os deleites da cobardia quando posso ser maior que a própria vida, a
aldeia se posso ter o mundo, e, o sorriso, se posso ser a gargalhada. Falo
disto, muitas vezes, com o louco guerreiro que há em mim. Não sou a melhor.
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