(1966)
“ Abbey Road
“
Nunzia,
nunca foi uma debutante. Quando lhe perguntaram quem lhe havia ensinado a ler
respondeu; eu. Conheceu, o amor e a criatividade, o lado negro dos laços
familiares, embora não parecesse estar destinada a tal envolvimento. Nunzia, tinha
desejo pelo tempo, que nos revela os segredos, os tumultos, e as repressões.
Nunzia, procurava a conquista. Convicta do
êxito das suas visitas, não actuava como um país cansado que há muito deixou de
sonhar com tribos e classes. Sabia que, há sempre culpas em todas as vidas. A
culpa da aridez dos outros. Da miséria. Do sofrimento. Da pobreza. Da Plebe. Do
desamor. Dos sistemas políticos. Dos derrubados. Dos que derrubam. Dos maus
romances. Das fissuras da linguagem. Acima de tudo, estava a curiosidade, por existir
fora do seu personagem, tinha o desígnio de superar as suas limitações
Desafiou-se a ler uns livros de História, a
observar e a pensar, a manter em sí todas as tropelias. Mesmo, enquanto cozia o
jantar, nunca gostou de transbordar de comida, já tinha desprezo pela
alarvidade, pelos gostos que não se discutem e por aqueles que, incapazes, de
se transcenderem, acham que a ausência de modéstia em doses recomendáveis, se
resume á mania das grandezas. Falso. O que importa, é ser capaz de herdar
convicções para que nada possa ruir, e mais do que o preço, conhecer o valor de
tudo. Deixar, para traz, a amabilidade do mundo normal que não traz privilégios.
Nunzia,
não quis aquela vidinha transmitida em diferido que evita o acaso e a ira dos
homens. Admiro-a.
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