Dez anos depois do primeiro Big Brother, vamos ter outro.
Mais do mesmo. Imagens do “self –media” com interpretes dedicados a serem em simultâneo utilizadores e produtores de
informação. O resultado, é o elogio ás engrenagens do exibicionismo caseiro que
conduz á inqualificável perda do conteúdo televisivo. Programa consumista, que
no seu limitado senso comum não chega a lugar nenhum a não ser a ele mesmo.
O Big Brother prima pela proximidade de
sentimentos em vez do distanciamento crítico entre os personagens e o telespectadores,
garante uma cultura que promove pessoas
e situações com características de identificação simples. È um “ less is less”,
que incapaz de despertar pensamento alavanca a incapacidade de perceber e
interpretrar.
Este marasmo conceptual, de vez em quando, é
espicaçado pela exibição no ecrã de tentativas de representação sexual levadas a
cabo por alarves protagonistas de
atitudes de mau gosto, incapazes de agarrar o sexo pela ideia mais fantasiosa
da sugestão. Censurável. O Big Brother vive da exploração da iletracia na maior parte das vezes alavancada por estas
“pequenas “ encenações pornográficas, sem escala, feitas de imagens e
de uma linguagem de decadente cariz sexual que não desperta, em rigor, qualquer involvência
erotizada, a que os mesmos convidam os espectadores.
E para rever a
tangibilidade dos suportes de erotismo, retratados tantas vezes na televisão e
no cinema, ao longo de décadas, não é demais referir o exemplo das históricas
cenas que povoaram, essas sim, o imaginário de gerações e foram tantas vezes,
injustamente ostracizadas pelo poder instituído contrariamente ao que se
assiste neste tipo de programa. O Bernardo Bertolucci que realizou o ” ultimo
tango em paris “; o Quentin Tarantino que realizou “ Pulp fiction “ o zalman-king que realizou “ nove semanas e meia “; o Nagisa
Oshima com o “ império dos sentidos e ainda o Stanley Kubrick com “ Lolita “ ou “laranja mecânica”, fizeram história com os
corpos e com o enredo. Produziram momentos de erotismo e pornografia capazes de
se elevarem das suas definições mais redutoras; como diria André Breton, “Pornography is the eroticism of others”. Isto é memória e
atitude. O Big
Brother não deixa uma e não tem a outra.
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