terça-feira, 3 de junho de 2014



Dez anos depois do primeiro Big Brother, vamos ter outro. Mais do mesmo. Imagens do “self –media” com interpretes  dedicados a serem  em simultâneo utilizadores e produtores de informação. O resultado, é o elogio ás engrenagens do exibicionismo caseiro que conduz á inqualificável perda do conteúdo televisivo. Programa consumista, que no seu limitado senso comum não chega a lugar nenhum a não ser a ele mesmo.
  O Big Brother prima pela proximidade de sentimentos em vez do distanciamento crítico entre os personagens e o telespectadores, garante uma cultura que promove  pessoas e situações com características de identificação simples. È um “ less is less”, que incapaz de despertar pensamento alavanca a incapacidade de perceber e interpretrar.  
 Este marasmo conceptual, de vez em quando, é espicaçado pela exibição no ecrã de  tentativas de representação sexual levadas a cabo por  alarves protagonistas de atitudes de mau gosto, incapazes de agarrar o sexo pela ideia mais fantasiosa da sugestão. Censurável. O Big Brother vive da exploração  da  iletracia  na maior parte das vezes alavancada por estas “pequenas “  encenações  pornográficas, sem escala, feitas de imagens e de uma linguagem de decadente cariz sexual que não  desperta, em rigor, qualquer involvência erotizada, a que os mesmos convidam os espectadores.

 E para rever a tangibilidade dos suportes de erotismo, retratados tantas vezes na televisão e no cinema, ao longo de décadas, não é demais referir o exemplo das históricas cenas que povoaram, essas sim, o imaginário de gerações e foram tantas vezes, injustamente ostracizadas pelo poder instituído contrariamente ao que se assiste neste tipo de programa.  O Bernardo Bertolucci que realizou o ” ultimo tango em paris “; o Quentin Tarantino que realizou  “ Pulp fiction “ o  zalman-king que realizou “ nove semanas e meia “; o Nagisa Oshima com o “ império dos sentidos e ainda  o Stanley Kubrick com “ Lolita “ ou  “laranja mecânica”, fizeram história com os corpos e com o enredo. Produziram momentos de erotismo e pornografia capazes de se elevarem das suas definições mais redutoras; como diria André Breton, “Pornography is the eroticism of others”. Isto é memória e atitude. O Big Brother não deixa uma e não tem a outra.

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