terça-feira, 14 de julho de 2015

 

         Madonna  and Sean Pean, 1985

          On the point of the history

 Já escrevi, que não há busca do eterno, pois a vivência de desmanchar é recorrente. E que a glória de quem gostamos não tem nada a ver com os papeís, que lhe foram destinados, mesmo mal utilizados, mal representados, os que nos impressionam entram na nossa vida.
Tudo começou, no dia em que, decidimos subir umas escadas escuras, lanço após lanço que iam até ao pátio. Lembro-me da luz violácea e dos odores do  entardecer. Achei, brilhante, este prodigioso instante, que  trazia a promessa de um território onde se poderiam vir a deparar as nossas vidas. E foi. 
Para todos os efeitos, já eramos adultos á espera do amanhã , a movermo-nos num presente para trás, no qual há o ontem e o anteontem ou no máximo a lembrança do quotidiano, e de um ou outro cómico fracasso. Soubemos, habitar territórios, onde não existem, as categorias de permanência,  só fragmentos que se unem momentaneamente.
 Ele, bonito e delicado exalava um cheiro a bravio. E eu interrogava-me se conseguiria reencontrar sempre aquilo que me fizera rir?
Uma história é sobre isto; sobre a antologia de prodigiosos instantes, com oscilações abruptas, alguns momentos de calma e paz, optimismo e afecto. Súbitas explosões de furor .Uma história, é para quem não está, há pouco tempo, no mundo. Há muitos momentos que nos compõem, podemos até oscilar entre a energia vital e pensamentos mórbidos, desejar com a mesma intensidade solidão e amor, tirar sangue aos outros sem que o nosso nunca verta, tudo isto vale, se fizer história.
 Que importa, se o fim é verbalizado com sílabas alongadas por um desespero raivoso, se um dia tu foste um lugar mais bonito que a minha própria casa. Para continuar, é preciso acreditar que tenha sido assim. E sem final feliz, a “ única obrigação com a história é reescrevê-la …” ( Gilbert em “ O crítico como artista” )
 
 


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