sexta-feira, 24 de abril de 2015

 

                                                 Money  Minded

Há uma pressa desenfreada em Nairobi, uma atitude de apropriação que nos chega de toda a parte. Agarrar com rapidez é a intenção; géneros alimentares, bugigangas, expedientes, turistas, safaris e promessas de outras pequenas oportunidades, desde que tragam  dinheiro. E que o dinheiro esteja logo ali á vista de toda a gente. Esta mentalidade tem sido reproduzida e alimentada, através das maquinações dos  sistemas legais frouxos e das  más políticas.
Tornar a Africa um verdadeiro continente Africano com os mitos que se misturam com a realidade ainda não foi possível. Há o desequilíbrio que leva ao conflito permanente. O Quénia, que agarrou o turista ainda não agarrou a sua própria história sem passado Europeísta de  desigualdade e violência. A única coisa que faz é replicá-lo.
À distância de uma curta viagem de Matatu vai-se ao bairro Slum, uma  incomensurável visão de tristeza,  é como, se, de repente se tivessem fechado as portas e nos ocultassem a grandeza de viver. È o nada. Pergunto; sem querer, dar a impressão de habitar um mundo só meu, lambuzado de inocências, mitos e com défice  de realidade; se alguma vez, estas pessoas terão a oportunidade de correr de alegria  na pressa de encontrarem o seu destino;
 È porque eu, aqui, vi um atleta a treinar para provas de competição, crianças a darem-me a mão como se essa naturalidade fizesse parte de um ritual de conforto que eu não assegurei, vi um cozinheiro capaz de multiplicar escassos alimentos em comida, que a mim, me pareciam vindos do nada, vi nas casas, só de zinco, o espaço para os velhos,  para os gatos  que teimam em  nascer, para os netos abandonados , para a  culpa das mães, para os doentes, para mim, que me sentei. Vi pudor e um tremendo combate pela dignidade. Foi o que mais me custou.
 Entretanto, lá fora chove. Muito, como tudo em Àfrica. E este, seria mais um episódio de uma história passada numa terra longínqua, se eu, não estivesse em Nairobi. A escrever sem luz. Pela primeira vez.

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