quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

 
 
A beira do abismo
(Howard Hawks, 1946)
Género sem vergonha, divertimento pela morte e um tributo ao extravagante. Tudo é crime e enigma. A Literatura Policial, convida a mergulhar no espaço da morte. È hoje, uma consagrada   escrita, sobre a vida e tem uma  ordem narrativa definida.  Melhor se experimentada em ambiente intimista.
A marginalidade, e o” bas-fond”, social do romance policial noir, têm rudeza mas também têm encanto. Pela marginalidade, pelo sarcasmo, que resulta eficiente, pela crítica ás estruturas e principalmente, pela ausência de verdades conclusivas e inquestionáveis. Ao contrário da Literatura Policial Clássica, que quer resultados a cima de qualquer suspeita, através do recurso ao método ciêntifico e á lógica dedutiva do detective Sherlock Holmes, a visão “noir”, tem personagens mais humanizados.
 Os detectives, nestas histórias, bebem, brigam,  envolvem-se, em romances e sexo. São homens. Por vezes, á beira do fracasso, duros, violentos,  corroídos pelo tempo e pelas desventuras da profissão,   mas mantêm o charme e uma enorme capacidade de tomar para sí o controle da situação, por mais adversa que seja. S Por isto, afastam-se da Literatura Policial clássica de Londres, para viverem mais os seus defeitos , que qualidades.  O “noir” na literatura e no cinema Policial, viveu do contexto da alfabetização dos EUA no pós primeira guerra, e da popularização da imprensa  publicada no formato de contos em revistas baratas. Estes personagens, chamados de “ Hard boiled “ são sucesso garantido em sociedades, que tinham a figura masculina como mola propulsora para o progresso. Protagonizam uma uma obstinação romântica pela justiça, incorruptíveis (nem sempre), sem uma formação erudita, mas pragmáticos, com experiência adquirida nas ruas.
Nesta fotografia “policial noir”, de cenário urbano e muito filmado á noite, encaixa na perfeição a figura da mulher fatal com nuances que vão desde a inocência ao puro maquiavelismo e são muito  o fio condutor destas histórias. Como diria, o Pedro Mexia, tratam-se, de mulheres,  “ Average Botticelli”, com variações mínimas sobre a graça e altivez doce num meio sorriso, num meio enigma”. Uma arte simples de matar que não aconteceu,  em Baker Street de Sherlock Holmes.


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